segunda-feira, 16 de abril de 2007
SENTEI A MINHA MESA
Sentei à minha mesa
os meus demónios interiores
falei-lhes com franqueza
dos meus piores temores.
Tratei-os com carinho
pus jarra de flores
abri o melhor vinho
trouxe amêndoas e licores.
Chamei-os pelo nome
quebrei a etiqueta
matei-lhes a sede e a fome
dei-lhes cabo da dieta.
Conheci bem cada um
pus de lado toda a farsa
abri a minha alma
como se fosse um comparsa.
E no fim, já bem bebidos
demos abraços fraternos
saíram de mansinho
aos primeiros alvores
de copos bem erguidos
brindámos aos infernos
fizeram-se ao caminho
sem máguas nem rancores.
Adeus, foi um prazer!
disseram a cantar
mantém a mesa posta
porque havemos de voltar.
Carlos Tê
Ondina
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